Pesquisa FGV: 7 entre 10 profissionais de segurança têm colegas assassinados
Uma pesquisa divulgada no fim da última semana alerta para o elevado índice de vitimização de quem trabalha na área da segurança pública no Brasil. A pesquisa mostrou que sete, entre dez profissionais de segurança pública de todo o país dizem que já tiveram algum colega assassinado fora do trabalho. E o número de vítimas cresce ainda mais quando analisados apenas os policiais militares: 77,5% citaram a morte de um colega PM.
O levantamento foi realizado com 10.323 agentes de vários estados. O resultado da pesquisa, que é parte do estudo Vitimização e Risco entre Profissionais do Sistema de Segurança Pública, e foi realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, foi apresentado no 9º Fórum Brasileiro de Segurança Pública, encontro internacional na FGV, no Rio de Janeiro.
As entrevistas ocorreram entre 18 de junho e 8 de julho últimos, envolvendo policiais militares, civis, federais, rodoviários federais, guardas municipais e bombeiros de todos os estados.
Conforme divulgado pela Agência Brasil, a diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, considera a pesquisa importante para mostrar os riscos que envolvem o trabalho dos profissionais de segurança e ajudar a formular políticas de prevenção e proteção dos policiais. “Somente em 2013, verificamos que 490 policiais foram assassinados em todo o país e, diante desse dado alarmante, resolvemos aprofundar nosso conhecimento sobre as violações dos direitos desses agentes.”
Samira Bueno afirma que há uma cultura no Brasil “de investigar as mortes provocadas pela polícia, mas são pouco conhecidos os casos de vitimização sofrida pelo policial” e defendeu que, embora os policiais tenham a missão de proteger a sociedade, eles “também precisam de segurança”.
O percentual de todos os profissionais de segurança ouvidos que perderam um colega durante o expediente de trabalho é 61,9%. A pesquisa revela também que o receio de sofrer violência e retaliações tem influência na rotina e nos hábitos dos agentes. Quase metade (44,3%) esconde a farda ou o distintivo no trajeto entre a casa e o local de trabalho e 35,2% escondem de conhecidos o fato de que são profissionais de segurança pública. Além disso, 61,8% evitam usar transporte público. “Eles precisam esconder sua profissão por causa dos riscos que correm, quando na verdade deveriam mostrá-la com orgulho”, explica Samira. (Baseado em divulgação da Agência Brasil)